quarta-feira, 2 de maio de 2012

Existe hora certa para vaiar?

cristovaoborges_marcelosadio

Estive em São Januário na noite desta quarta-feira para ver a vitória do Vasco sobre o Lanús por 2 x 1, em partida válida pelas oitavas de final da Libertadores. Diante do que vi em campo e presenciei na arquibancada, deixarei algumas considerações importantes aqui:

1 – O Vasco jogou bem no primeiro tempo? Não, mas aproveitou as fragilidades e a desatenção do Lanús para fazer dois gols e deixar a vitória bem encaminhada. Vale lembrar que foram lances isolados. Em nenhum momento o time vascaíno chegou a exercer uma grande pressão no adversário.

2 – Diego Souza fez um gol antológico, é verdade. Um lance de quem sabe jogar bola, de quem tem habilidade. Mas fico bem curioso para saber a razão pela qual o camisa 10 vascaíno só mostra todo esse potencial em doses homeopáticas. Antes da pintura, fazia uma partida vergonhosa e depois “retomou” o nível da atuação. E outra, já deu de se achar a última bolacha do pacote. Se a torcida pega no pé, é com razão. Não adianta fazer golaço, bater perninha, fazer cara feia, xingar, e depois continuar jogando mal. Futebol ele tem, resta saber onde gosta de escondê-lo.

3 – A opção com Juninho e Felipe juntos deu certo no início, mas porque a velocidade de Rômulo permitia isso. Os dois veteranos tinham liberdade para jogar e mostrar toda a qualidade que eles têm. Mas quando o volante saiu machucado para a entrada do Eduardo Costa, o meio-campo vascaíno passou a mostrar uma lentidão óbvia. Por que digo isso? Para que não se iludam achando que dá para manter essa formação no jogo da volta se Rômulo não se recuperar.

4 – Cristovão errou em suas substituições? Sim. Na verdade, errou em uma e a mesma foi crucial. Com a lentidão explicada no item anterior, o mais correto era tirar Felipe ou Juninho e entrar o Allan, que é um jogador que tem velocidade para criar e recompor o meio, ajudando a marcação. Mas aí o treinador vascaíno botou o Fellipe Bastos – que por alguma razão ainda não explicada é o xodó dele – e a falta de gás continuou. Bastos chuta bem de fora da área e isso já foi importante para a equipe na temporada, mas pouco ajuda além disso. Marca mal, tem preguiça para voltar quando erra um passe no setor ofensivo – e são muitos – e faz faltas bobas. Para piorar, como a torcida já está desconfiada de seu potencial, entrou sem confiança.

5 – Por último, a resposta para a pergunta do título do post. Não sei se existe hora certa pra vaiar, reclamar, xingar, mas com certeza não foi o momento que o torcedor do Vasco começou a protestar hoje. Se repararem no vídeo do gol do Lanús, as vaias começaram quando Bastos foi chamado por Cristovão e, no momento do pique do volante para esperar a placa de substituição, Fágner falhou mais uma vez e Regueiro descontou. Obviamente, o gol não foi culpa de nenhum deles, mas a raiva do torcedor já estava direcionada. Daquele momento em diante, o time claramente sentiu a pressão e os erros apareceram, um atrás do outro. A sorte é que o Lanús estava satisfeito com o resultado e não se esforçou para ampliá-lo. Fico imaginando se acontecesse como na vitória do Boca Jrs contra o Unión Española – o Vasco abrindo o placar, Lanús empatando e o gol da vitória vascaína vindo no fim. Seria uma alegria só nas arquibancadas. Mas não. Agora o time vai pressionado para a Argentina enfrentar um bom adversário, que depende de uma vitória simples para se classificar. Um cenário que poderia ter sido diferente. Mas vai explicar isso para milhares de marmanjos sentidos pela “pesada derrota na Taça Rio”.